O dia a dia de uma mamã e das suas Borboletas...

quinta-feira, agosto 31, 2006

23 de Agosto de 2006

[Warning: Post Longo]
Começou por ser um dia igual aos outros. Acordei um pouco mais tarde, a C. tinha passado a noite na casa da tia, dei-me a esse prazer. Na noite anterior não me tinha sentido muito bem e estava cada vez mais cansada, o G. tirou o dia para ficar comigo. Por volta das 2h menos 10, teve de sair para pagar a conta de água que tinha chegado atrasada. Fiquei em casa, sozinha. Dez minutos depois de ele ter saído sinto um pontapé fortíssimo da M. sob a zona da bexiga. Podia ter sido um pontapé mais forte, passou, não liguei. Deitei-me no sofá calmamente, fechei os olhos e tentei descansar. O telemóvel tocou e quando me levantei para atendê-lo, sentia-me estranha, o corpo parecia mais leve, estranhamente leve demais. Só depois notei o vestido húmido atrás e a mancha no sofá. Sem me aperceber tinha começado a perder líquido. No espaço de tempo em que pela última vez aqui escrevi, apressei-me a ligar ao G. a contar o sucedido, tomei um duche rápido (acho que foi o mais rápido que tomei até hoje), coloquei a minha malinha e a da M. à porta de casa e esperei que ele chegasse. A parte boa era que não sentia dores nenhumas, sentia-me apenas muito leve, e espantosamente calma, demasiado até. No meu pensamento uma única certeza, tudo ia correr bem. O G. pôs-se em casa em menos de 1/4 de hora. Estava nervosíssimo. Descemos para o carro e mal me sentei no banco senti a primeira contracção. E voltei a sentir outra, e mais outra, vinham com intervalos irregulares mas ainda eram suportáveis. Cerca de 25 minutos até ao Hospital, que fica quase do outro lado de Lisboa, e isto porque era altura de férias e a autoestrada não estava a rebentar pelas costuras. Chegámos ao hospital por volta das 3h30, sensivelmente. Entrei logo, enquanto o G. ultimava a minha inscrição, fui logo vista. Apenas 2 cms de dilatação mas o suficiente para me levarem para a sala de partos. Ligaram-me a soro, CTG, mandaram-me vestir uma bata branca. Fechei os olhos e de novo o pensamento de que tudo só podia correr bem. As contracções já começavam a aumentar de intensidade e chegavam com intervalos de 8 em 8 minutos. Já eram mais que insopurtáveis e sentia-as chegar uma a uma, mesmo antes de se manifestarem. Nisto, uma enfermeira entrou com toalhas húmidas e pergunta-me "Tem a certeza que não quer?". Eu sempre disse que não queria, que ia fazer o possível para suportar as dores, que ia dar tudo de mim para conseguir um parto completamente natural, que queria passar pela experiência (mesmo que depois me viesse a arrepender), que a minha mãe teve 6 filhas todas sem epidural e está aí para as curvas, que não queria que me espetassem mais agulhas, que apesar de tudo estou longe de ser masoquista. Respondi que não, mesmo no pico de uma contracção consegui manter a palavra. Nesta altura, já eu era só dores, contorcia-me toda a cada nova contracção, e o meu obstetra onde estava? De vez em quando a mesma enfermeira voltava com mais toalhas húmidas e para observar-me. "4 cms, já tem 4 cms!" E voltava a sair da mesma forma que entrava. Eu já não me sentia, doía-me tudo. Cada contracção era como uma roda de um tractor a passar-me por cima do útero, cada vez com mais força. De repente, ouço um "Então mamã?" que me é familiar, era o Dr. F acabado de chegar de uma maratona de consultas. Observou-me e ainda 4 cms de dilatação, ou seja, durante praticamente a última hora não tinha havido evolução nenhuma. Eram umas 5h15, já estava há mais de 2 horas em trabalho de parto e sem qualquer tipo de anestesia! Observou os batimentos cardíacos da M., tudo normal, disse para permanecer calma que voltava uns minutos depois. Voltou e tudo na mesma, 4 cms de dilatação. Disse-me que se durante a meia hora seguinte não houvesse uma evolução significativa, teria de fazer cesariana. Eram 5h30. Já estava há 2 horas e meia em pleno trabalho de parto. Cesariana? Não quis acreditar e chorei, compulsivamente. Mais do que as dores que me consumiam, chorei a eventualidade de ver o meu desejo de um parto normal ser novamente preterido, tal como aconteceu com a C. Apertei a mão do G. com força e não precisei dizer nada para agradecer-lhe o facto de estar a meu lado, a apoiar-me, incondicionalmente. [Se não tivesses estado ali, comigo, a segurar-me a mão e a passar-me gelo nos lábios entre as contracções, se não fosse a tua presença, os teus mimos e cuidados constantes, não teria conseguido suportar ouvir aquilo.] Mesmo assim, não parava de chorar, sentia que todo o esforço por que estava a passar tinha sido, mais uma vez, inútil face à eventualidade de uma cesariana. Ao mesmo tempo, foi como se passasse um filme na minha cabeça, a gravidez desde o início, o instante em que a M. foi concebida, os bons momentos, os maus momentos, as consultas (lembrei-me de tudo), a noite em que fui para as urgências em risco de descolamento da placenta, a recomendação do médico de repouso absoluto (era tudo tão claro na minha cabeça), os dias inteiros passados em casa a arrumar as roupinhas da M, a preparar-lhe o quarto, um mundo de expectativas...Para quê? Senti que não merecia estar a passar por aquilo. Os flashs teimavam em surgir em catadupa na minha mente, a acompanhar as contracções, e eu chorava, não do corpo em sofrimento mas das dores na alma. Cheguei a um ponto em que pensei que já não suportava mais aquilo, tentei concentrar-me na ideia de que mesmo sendo cesariana, só o facto de ter finalmente a minha filha à minha frente, ia acabar por superar tudo. Entretanto, a enfermeira voltou para observar-me. Saiu a correr, a chamar o Dr. F que entrou acompanhado de outro médico e de mais uma enfermeira. Não reagi. Vão preparar-me para a cesariana, calculei. Afinal estava com 6 cms de dilatação. "Agora é que já não leva mesmo!", disse-me a enfermeira referindo-se à epidural. Já estava consumida pelas dores, só queria que a minha filha nascesse, normal ou cesariana, com ou sem epidural. Depois não me recordo com precisão, ouvia muitas vozes à minha volta, médicos, enfermeiras, continuava de olhos fechados e já não pensava em nada, as dores consumiam-me o corpo e a mente. Minutos depois, a enfermeira assegurava "8 cms de dilatação!", o Dr. F repetia para não fazer força ainda. Lembro-me do G. me dizer baxinho, "É agora! É agora!" enquanto me segurava a mão. O som dos batimentos cardíacos da M. de fundo, a minha cabeça a 1000 à hora, o corpo a avisar estar no limite de todas as forças. De repente, sinto uma vontade enorme de fazer força e embora esta já não fosse muita, sinto que não consigo controlá-la, torna-se superior a mim. Um médico chamou o G, e sinto-o largar levemente a minha mão. Abro os olhos e vejo-o emocionado, a rir e a chorar ao mesmo tempo. Nunca o vi chorar assim. Até que alguém na sala diz "Agora sim, faça toda a força que conseguir". Mas já não consigo, tento, mas já não consigo. O G. toma-me de novo a mão e segredou-me que quando a apertasse, faziamos força os dois. Apertou, e não sei de onde veio a força que fiz em seguida, só sei que não a sabia capaz de ter dentro de mim. Aos poucos, sinto a Maria passar através de mim, os ossos parecia que estalavam, o corpo a afastar-se, a dor era tanta que já me sentia dormente a ela, já fazia parte de mim. Ouço a Maria chorar, não consigo descrever a sensação, foi um misto de alegria, emoção, alívio, tudo. Abro finalmente os olhos, já a colocaram sobre mim. O G chorava que nem um doido em cima do meu peito. Uma mantinha branca e rosa e uma menina no meio, toda suja, os olhos cerrados, as mãozinhas fechadas. Perfeita. O pai fez questão de cortar o cordão e enquanto era cosida (sim, a rapariga deu cabo de mim:), a M já era limpa e vestida pelas enfermeiras, e nós mesmo de longe tentávamos adivinhar-lhe os traços e registar-lhe as feições rosadas.

A M. nasceu às 19h04 m, depois de 4 longas horas de trabalho de parto. Escolhi não levar a epidural, mas se fose agora, certamente que não a teria renegado. Foi uma experiência única? Foi. Sofri muito? Se sofri! Foi aquilo que sempre idealizei ser um parto normal? Bem, a verdade é que foi muito mais doloroso do que alguma vez imaginei, nunca pensei que fosse tão difícil suportar um nascimento, até ter realmente a noção de todo o esforço que envolve colocar um filho no mundo. Mas se custou muito ter vivido tudo aquilo, ter sentido na pele o sofrimento e a exaustão, e ainda toda a componente fortemente emotiva que um parto normal envolve, agora, já depois de ter a minha filha nos braços, não consigo concebê-lo de outra forma, hoje, só assim tudo me faz sentido. Enquanto isso, levaram-me a mim e à minha filha para o recobro. Vi-lhe os olhinhos abertos pela primeira vez enquanto a amamentava. Não conseguia tirar os olhos dela. Mas estava tão cansada que acabei por adormecer. Acordei por volta das 23h, já no quarto, com o choro da M. que estava ao colo do pai, a meu lado. Deitámo-la no meio de nós e ficámos a contemplá-la à meia luz que entrava pela janela. Adormeceu, serena, como se nada se tivesse passado. O corpo estava dorido e ainda não esquecera as mazelas do parto, mas a felicidade que sentia dentro de mim sobrepunha-se a qualquer intempérie por que viesse a passar. Já passou, disse-me o G, com uma festa. Dentro do quarto, nós os três. Noutro quarto mais distante a C. a dormir igualmente, compenetrada. Lá fora, lua nova. A mesma que nos iluminava os rostos e acredito entrava algures também pela janela da C, com o mesmo brilho e intensidade. Naquela noite, tenho a certeza que a lua lhe segredou ao ouvido que apartir daquele momento tinhamos passado a ser 4.

segunda-feira, agosto 28, 2006

De volta a casa

Já estamos em casa. Os 4, juntinhos. Estamos bem, eu ainda estou a recuperar, de um parto que se revelou uma experiência única mas deveras MARCANTE na minha vida (depois explico melhor :) A M. está óptima, tem demonstrado ser uma bebé muito calminha, não chora, muito pouco. Só mama e dorme, dorme e mama, mama e adormece a mamar... É um doce. A C. está maravilhada, fascinada, encantada, endiabrada, espevitada com a novidade de ter uma mana pequenina para cuidar. Só quer dar-lhe beijinhos, passa o dia a pedir para lhe colocarmos a mana no colo. Por falar em manas, o encontro entre elas foi um momento verdadeiramente mágico, praticamente indiscritível, um quadro. Mas sobre esse momento igualmente marcante nas nossa vidas, prometo falar num próximo post.

Hoje, quero sobretudo, agradecer todos os comentários, sms, e-mails, todo o apoio e força que me transmitiram através das vossas palavras e mensagens de carinho. Muito Obrigada, mesmo!!! ;)
Neste momento estou completamente deliciada com a minha filha, estou a viver uma fase tão boa da minha vida, em que quero aproveitar ao máximo todos os nossos momentos a 4 (enquanto o pai também ainda está de licença e a C. ainda não voltou ao colégio) e registar cada instante, cada olhar, cada pormenor, cada imagem, cada expressão, cada pequeno gesto delas... Assim que me for possível, prometo falar do parto, da reação da C. quando viu a mana pela primeira vez, da experiência nova que é para mim ser mãe de duas, da tamanha felicidade que tenho vivido desde o nascimento da M... Tenho tanto para contar...

quarta-feira, agosto 23, 2006

Já Nasceu!

Conheceu o mundo através de parto normal (sempre deu para dispensar a cesariana =)), pouco passava das 19h00. Pesa 3,010Kg e mede 48 cm. Correu tudo bem, mamã e bebé encontram-se de perfeita saúde apesar da mamã estar muito cansada, ao que parece a menina Maria ainda deu bastante luta, não queria sair do quentinho, pois não! Segundo as palavras babadas de um pai mais babado ainda, a Mar é liiiiiiiiiiiiiiiiiinda!!! E eu já estou a morrer de ansiedade para conhecê-la!!!

Tia Inês [babadissima]

Será?

Há + ou - 20 minutos a M decidiu presentear-me com 1 pontapé um bocadiiiinho para o forte, ao qual retribui instintivamente com caretas e um vincado fechar de olhos. Há + ou - 10 minutos voltou a brindar-me mas desta vez com um vestido e um assento de sofá molhados, ao qual retribui de imediato com um "olá, filhota! É desta?!?!?"

O G saiu há 30 hora para pagar a conta da água -telefonou minutos antes de ter começado a limpar o sofá com o que resta do rolo de cozinha -a dizer que vai processar o Capucho -que a fila não anda -que vai demorar -não lhe disse nada, ainda. A C dormiu esta noite na casa da tia -parece que adivinhámos. Já estou com saudades -só me apetecia que ela me desse a mão, neste momento. Sim, estou a perder líquido -não, ainda não tenho dores nenhumas. A casa está vazia -só eu -2 em 1. O ar condicionado está no máximo mas estou a escorrer por todos lados. O gato não pára de miar pelos corredores que nem um doido -chamo um táxi? (Expiro...)


Entretanto vou ver se consigo tomar um duche rápido e certificar-me pela quinquagésima vez se não falta nada na minha mala para a maternidade
Ps Eu estou calma

Adenda:
Segundo consta a Maria não está a facilitar o trabalho de parto, a Carolina não está a conseguir fazer correctamente a dilatação (está há mais de 40 minutos com apenas 4 cm) se durante a próxima meia hora não houver nenhuma evolução os médicos terão de optar pela cesariana... =(
Tia Inês

segunda-feira, agosto 21, 2006

Enquanto a M. não chega...


...vou me permitindo fazer alguns disparates. Confesso que as sobremesas da Blédina são o meu ponto fraco, principalmente a que está na imagem e que junta banana, morango e maçã. Sou capaz de devorar um boião em menos de 5 minutos, sem deixar grandes vestígios. Há também uns leitinhos da Cerelac, que vêm em vários sabores entre eles baunilha e bolacha, que costumo comprar para a C. levar para o colégio e que ela adora. Um dia destes resolvi provar um de baunilha que ela deixou a meio e desde então fiquei completamente "fã". Depois, há momentos inexplicáveis como o de hoje, em que decidi ajudar a minha sogra a preparar o almoço (não me deixou, como já era de prever) mas antes que ela deitasse mais alguma coisa para dentro da panela, olhei para o refogado, peguei num pedaço de pão, mergulhei-o no azeite e nos pedaçinhos de cebola e alho enquanto ferviam, e juro, soube-me pela vida. Se estivesse no meu estado dito "normal" obviamente que isto não teria acontecido, pois está claro!

Nota:É impressão minha ou mais alguém lê "6 days left" na barrinha acima?!?!?!
(À medida que as horas e os dias passam, cresce cada vez mais a nossa ansiedade e desejo de conhecê-la, mas continuamos a aguardar "calmos", ou pelo menos tentamos).
Entretanto, e porque apesar das dores nas costas, do desconforto ao dormir e tudo mais, já sei que vou sentir saudades dela, decidi colocar uma foto (ainda barriguda) no profile.
Ah, esqueci-me de dizer, estou tão piegas também...mas tão piegas...

domingo, agosto 20, 2006

Ainda...

...aqui estamos. Para dizer a verdade, depois do incidente que ocorreu às 29 semanas e em que estive em risco de descolamento da placenta, nunca pensei (nem cheguei a imaginar sequer) que pudessemos chegar às 39 semanas. O meu obstetra foi o primeiro a dizer que em casos como o meu, são raras as gestações que conseguem completar o 3º trimestre (pelos vistos já me posso considerar uma dessas felizes excepções! :)
O meu estado de espírito actual é um turbilhão de sentimentos, continuo a tentar permanecer calma apesar da ansiedade já começar a manifestar-se, inevitavelmente. A nível físico, algumas dorzitas aqui e ali, uns desconfortos aqui e acolá, um mal-estar que teima em persistir (agora é que me deu para os enjoos, vá se lá saber porquê) mas nada que uns miminhos do marido e da filhota mais crescida não acalmem de imediato. Tirando isso e o facto de há uns tempos para cá não conseguir encontrar posição nenhuma para dormir, está tudo bem. Aqui continuamos à espera, ansiosos, pelo momento em que vamos poder segurar, finalmente, a nossa filha nos braços.

Agradecimento: Um obrigada a todas pelos comentários, pelas palavras de força e incentivo que aqui têm deixado, por muito estranho que possa parecer, significam muito para mim neste momento. Um obrigada muito especial também ao meu querido colega e amigo JP, que me enviou um e-mail com este "teste" tão simpático e que me vai dar um jeitaço nos próximos tempos ;)

sexta-feira, agosto 18, 2006

Últimas...

Ontem fomos ao hospital fazer o CTG para saber como estão as coisas com a nossa Menina do Mar :) Assim que me deitei na marquesa percebi logo que a M. não ia estar muito participativa, não estava para aí virada, não se mexeu muito, não lhe apetecia que a chateassem, ponto. Mal me colocaram a cinta e ligaram o aparelho, estremeci por completo. Voltei a ouvir o delicioso "tum-tum, tum-tum" (já estava com saudades). Emociono-me sempre ao ouvir o coraçãozinho dela, é um momento que me enche de particular alegria e comoção. Estive ligada ao CTG durante uns 25/30 minutos (já pensava que se tinham esquecido de mim) até que chegou o Dr. F e me resgatou daquele "sufoco" de ter de estar deitada de papo para o ar à espera que o tempo passasse. O resultado do exame revelou que está tudo óptimo com a boboleta pequenina, os batimentos cardíacos "não podiam estar melhores" (palavras do "Sô" Dr.) está, pois, de perfeita saúde. Ainda houve tempo para fazer uma eco rápida só para estimar o peso da filhota. Pois bem, tenho dentro de mim uma moçita com aproximadamente 3kg já! É verdade, o resultado do CTG registou ainda, e passo a citar, "algumas contracções de fraca intensidade com intervalos irregulares entre elas". Só podem ter sido mesmo de fraca intensidade porque não senti nadinha. Voltei a fazer o "toque", desta vez não custou nada, talvez o facto de estar mais descontraída tenha ajudado. O colo do útero está permeável a 2 dedos, o que significa que a Dona M. já está muito descida, praticamente prontinha para o "pontapé de saída", tanto que durante o exame o Dr. F disse que lhe conseguia tocar na cabeça!!! Só tive tempo de pensar, dear God, a minha filha está prestes a querer conhecer-me e que raio de mãe sou eu que ainda nem acabei de arrumar a minha mala para a maternidade! (A dela já está pronta há semanas...) Tirando este detalhe, está tudo bem comigo, os resultados das últimas análises despistaram qualquer tipo de infecção, resumindo, segundo o médico as contracções que foram registadas durante o CTG não são prenúncio de que estarei prestes a entrar em trabalho de parto, nada disso. Porém, o facto da M. já estar tão descida e perfeitamente arrumadinha para saír, só prova que o tempo que falta para o grande dia é cada vez mais curto. Ou seja, tudo pode acontecer...tanto pode nascer amanhã, como depois, ou depois, ou até mesmo hoje! A verdade é que não estou a "morrer" de ansiedade (sempre fui calma por natureza) e apesar de todos à minha volta andarem numa agitação que só visto, continuo serena e tento levar as coisas sem grandes pressas. O G. também está aparentemente calmo, aliás, tem me surpreendido bastante nesse aspecto (quando foi da C. andava "eléctrico", mas isso também foi uma situação completamente diferente visto que ela decidiu nascer 1 mês antes do previsto). Ultimamente, as expressões que mais ouço da parte dele são "Mas estás bem? E precisas de alguma coisa?". Eu não podia estar "melhor", e o que são 2 meses de repouso forçado quando estou prestes a poder conhecer a minha filha, estou confiante, já mandei as dores nas costas dar uma volta, agora o que realmente importa é que a M. venha perfeita e saudável. Em relação ao parto, como escrevi num post anterior, dado que será normal e por ser também a minha 1ª experiência realmente "vivida" de um parto normal, não criei muitas expectativas. As únicas certezas que tenho são que não faço grande questão de optar pela epidural (vamos ver!;) e que quero ter sempre o meu marido a meu lado. O resto (bom ou mau) acabará por vir, naturalmente, em acréscimo.
Não vou negar que não estou um pouco apreensiva em relação ao parto, estou. Mas acredito que tudo irá correr bem. Tem de correr.

terça-feira, agosto 15, 2006

Sensações II

Adoro, quando o G. encosta a cabeça na minha barriga e começa a falar baixinho para a M. Como se estivesse a falar-lhe ao ouvido. Canta-lhe canções (a mana às vezes também ajuda), faz-lhe massagens e carinhos, conta-lhe histórias e ao que consta, até lhe conta segredos! (Sim, parece que o papá e a M. já têm os seus segredos. É que às vezes adormeço e não sei do que eles "falam"... :)
A M. reage sempre à voz do pai, umas vezes mais imponente, outras menos, mas em regra reage sempre calmamente, sem movimentos bruscos e com pontapés suaves, tão suaves que às vezes quase não os sinto... Para mim, enquanto mãe e mulher, é simplesmente mágico e reconfortante poder presenciar estes momentos deliciosos entre pai e filha, num "frente a frente" tão umbilical, tão próximos um do outro, numa espécie de comunicação não-verbal em que ambos se sentem e respondem em uníssono. Os meus dois amores a amarem-se mutuamente.


Adenda:Quinta-feira volto com novidades do primeiro CTG, isto é, espero voltar! :)
Hoje vou sair um pouco de casa, caminhar um bocadinho na praia, faz-me bem e a médica não quer que fique só deitada, diz que preciso de me mexer. Decidi fazer-lhe/nos a vontade. De facto, preciso de me mexer mais.
(A verdade, verdadinha é que estou com a ideia de passar por aqui e pedir um copo de 3 sabores...)

segunda-feira, agosto 14, 2006

Sensações...

Ela mover-se toda para um lado e eu à espera daquele pontapé que está para vir, quando ela responde com dois e três seguidinhos, mas muito ao de leve, como se dissésse "vês mãe, eu até sou uma miúda calminha mas logo à noite prepara-te!".

(Pontapé)

Ps: Nem acredito que acabei de entrar nas 38 semanas!!!! Depois de uma gravidez com alguns sobressaltos, do susto que foi o risco de descolamento da placenta, de todas as condicionantes que isso trouxe para a minha vida... Para dizer a verdade, nunca pensei que pudéssemos chegar até aqui...
Sinto-me vitoriosa por termos conseguido alcançar a 38ª semana, da minha parte encaro-o como uma espécie de "dever cumprido", lembro-me que o Dr. F (meu obstetra) foi o primeiro a duvidar que isto fosse possível. Porém, aqui estamos! Mas a avaliar pelo cansaço que tem tomado conta de mim nestes últimos dias, não me parece que o grande dia esteja assim tão longe... :)

sexta-feira, agosto 11, 2006

Agora...

Qualquer coisa é "motivo" para falar na mana. Ontem à noite, enquanto lavavamos os dentes (temos um ritual as duas, lavamos os dentes juntas, todas as noites, antes de deitar), além de ser sempre um momento divertido é também uma forma de começar a incutir-lhe hábitos de higiene, desde cedo. Recapitulando, enquanto escovavamos os dentes, lembrou-se de me perguntar:

- Main, a mana não tem dentinhos, poi não?
- Não, C. Os bebés quando nascem ainda não têm dentinhos.
- Então como é que ela vai mastigar?
- Ela não vai mastigar, filha. Nos primeiros tempos vai beber o leitinho da mãe. Vai ficar forte e crescida e só depois é que vão começar a nascer os dentinhos.
(E quando pensava que já tinha respondido tudo...)
- E o teu leitinho vem da onde?
(Mas como, de onde?!?, pensei)
- Vem da mãe, filha. Quando as mamãs têm bebés ficam com leite para poderem dar de mamar quando eles nascerem.
- Mas o teu leitinho, onde vais compar?
- Não compro, filha. Já vem com a mãe... :|
- Sim, main! Mas pimeiro quando tu vais buscá o teu leitinho à vaca, quando tu vais lá buscar à vaca (?!?!?!?) e pões nas tuas maminhas pa depois tu dares à minha mana, tens de compar, main! Não é?
(Pois, filha, é mais ou menos isso...) :S

Nota: Há dias, a propósito de ter de pagar um perna de pau no café (mas porquê têm de se pagar as coisas, mãe?!), tentei reforçar-lhe a ideia de que, neste mundo, cada vez há menos "almoços grátis". Esqueci-me foi de dizer-lhe que, talvez, nem todas as coisas sejam bem assim...

Adenda: A consulta correu bem, a tensão está melhor (10,5/8), engordei 9,5 Kg desde o início da gravidez (not bad!). Agora, as principais preocupações são as terríveis dores de costas e, mais recentemente, os pés que começaram a inchar com o calor... Vou ter de passar mais tempo deitada, com as pernas elevadas, e continuar a receber as massagens de um rapaz muita giro cujo nome começa por G. Esta vida de grávida em fim de tempo às vezes consegue ser tão chata... :)
Uma última justificação, sei que não tenho andado muito fiel a alguns cantinhos, mas ando tão pachá, tão pachá... Só me apetece dormir, dormir... Enfim, espero que compreendam. ;)

Bom fim de semana!

quarta-feira, agosto 09, 2006

A mamã e a M. estão felizes...

Porque:
- Acordam todos os dias com uma beijoca do papá e da mana.
- A mamã se "entope" de manga (fruta preferida) e a M., a avaliar pelas manifestações que demonstra, parece adorar a fruta (ou será o contrário?!?) :|
- Nestes dias em que o pai tem estado em casa connosco, temos tido direito a doses diárias de extra-mimo. Pequeno-almoço na cama e massagem à noite para ajudar a aliviar as, insuportáveis, dores nas costas.
- A Boboleta "gande" adormece abraçadinha às duas.
- De há uns tempos para cá, a mana não se cansa de nos beijocar e fazer festinhas. Da fase inicial da rejeição, passou a uma fase de extremos (ou 8 ou 80). Acho que quando a M. "sair" a primeira coisa que espera da C. é que ela não lhe dê mais beijinhos. :)
E, finalmente, porque:
- Ao deitar, ganham mais um beijinho (às vezes muitos) do pai e da mana.

Posto isto, toda a gente me diz que estou com óptimo aspecto. Que toda eu brilho, que tenho qualquer coisa de especial no olhar... Não faço nada para que isso aconteça, não sei. A verdade é que estou numa fase em que me sinto mais bonita, mais confiante, muito muito amada, e isso provavelmente deve transparecer em toda a minha volta. É felicidade, sabem o que é? :)

Adenda: Esta tarde temos consulta na médica de família. Já me estou a preparar psicologicamente para os "puxões de orelhas" que se vão seguir, pelo facto de não andar a cumprir "à risca" algumas instruções alimentares a que me propus. (Bolas, um geladinho e uma fatia de cheesecake, de vez em quando, não fazem mal a ninguém, pois não? ;)

segunda-feira, agosto 07, 2006

Inédito e (deveras) emocionante...

A noite passada (eram umas 11h) quando a Dona M. decidiu fazer "alongamentos" e esticar-se toda aqui dentro... O resultado, confesso, foi além do inesperado. Eu deitada no sofá, de barriga para cima, e o pai e a Boboleta mais crescida a presenciarem o "espectáculo". A M. não parava quieta e a visão da minha barriga (vista sob qualquer ângulo) era igual a uma imensa bola cheia de "altinhos", que por sua vez iam desaparecendo e surgindo noutros cantinhos. A C. estava fascinada e ria-se às mil gargalhadas. O G. foi logo buscar a câmara de filmar e "apanhou" os momentos todos. Enquanto filmava, ia pegando na mãozinha da Boboleta "gande" e colocava-a nos lugares onde a M. fazia "altinhos". A C. levantava a mão, sempre com o apoio da mão do pai, e depois colocava-a devagarinho, mas muito a medo, com um certo cuidado até, não sei se tinha receio de me tocar... e depois tirava-a logo da minha barriga assim que a M. se mexia, e ria-se, ria-se até não poder mais. Esta situação inédita (e toda a galhofice envolvente), demorou cerca de 10 minutos. Foi lindo! Durante esses 10 minutinhos (que até pareceram menos) a C. divertiu-se à grande! Até começou a chorar de tanto rir. Ficámos surpreendidos. Perguntei-lhe, admirada, "porque estás a chorar, filhota?". Respondeu-me a soluçar, entre risos e lágrimas, "mamã és tão bonita..." E pronto, lá a aconchegámos ao nosso peito e lhe fizemos crer que, por enquanto, ainda é só nossa. Acho que foi a emoção de ter testemunhado toda a situação (ela viveu aquilo muito intensamente), que fez com que a C. no fundo, sentisse durante uns instantes, que daqui a uns tempos já não vai ser a única boboleta no nosso céu. Foi difícil acalmá-la e enchugar-lhe as lágrimas. "Já passou", disse-lhe o pai milhentas vezes para ver se ela arrebitava. Tentativa falhada. Não quis largar-se de mim um segundo, parecia que estava tatuada em mim. Como despedida deixámo-la, pela última vez, adormecer na nossa cama. E quando todos já estavam num sono profundo, deu-me uma angústia tão grande e chorei, chorei, baixinho. Não sei bem se foi pela C., pelo que foi... Acho que também vou ter saudades de a ter só para mim. Limpei as lágrimas, embrulhei-a com força contra o meu peito e ficámos assim uns largos minutos, só as duas. Acordei o G. e pedi-lhe que a levasse para a cama dela. Quando todos já dormiam profundamente, desfiz-me novamente em lágrimas... e chorei, chorei, sempre baixinho. Este dia havia de chegar, mais cedo ou mais tarde, para as duas, Boboleta. E sei que custa imenso a ambas, mas um dia teria de chegar o momento de te deixar abrir as "asas" e voar... Daqui a pouco tempo, seremos quatro, e quero acreditar que não vai ser igualmente bom, mas melhor ainda.

domingo, agosto 06, 2006

Pa-ra-béns!!!

Uma pequena pausa no fim de semana, só para desejar as maiores felicidades ao Pêpê e à Martinha, amigos de longa data, companheiros fiéis da caipiroska ;), e que estão agora mais completos com o nascimento da linda Carlota. Parabéns, crianças! Venha de lá então mais uma sobrinhita p'ra mim! ;)

sexta-feira, agosto 04, 2006

Há pouco...

Enquanto estava no banho (um dos momentos que mais gosto do dia), a miúda entra na casa de banho, olha-me de cima a baixo, muito séria, e exclama:

- Main, porquê as tuas maminhas estão a quecher assim tão pá frente?!?!?

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quarta-feira, agosto 02, 2006

E estamos assim...


A minha filha (muito preocupada) :
- Main, a tua barriguinha não vai expuludir poi não?!?!?

Custa-me acreditar que já estamos tão perto do final...