É assim que tenho vivido as últimas 38h desde que o diagnóstico médico revelou que a C. está mesmo com escarlatina. E custa-me tanto não poder estar junto dela, chegar a casa e vê-la deitada no sofá, embrulhada em mantas, "murchinha" mas a fazer uma festa mal me vê entrar porta adentro, e eu a vê-la ao longe, sem lhe poder dar o beijinho que as duas tanto queremos, sem lhe poder deitar no meu colo e fazer festinhas no cabelo, sem poder deitar-me junto dela à noite até adormecer...É difícill estar tão perto e ao mesmo tempo tão distante da minha filha. E custa-me ainda mais vê-la a observar-me, de longe, a enviar-me beijinhos com as mãos, e a "aguentar" tudo e todos à sua volta, mas sem perceber bem o porquê do meu afastamento obrigatório. Ainda não lhe contámos acerca da gravidez. E agora também não acho que seja uma boa altura. Neste período de "ausência de afectos" palpáveis, sinto falta de não ser eu a poder vestir, a dar banho, a dobrar as roupinhas...e custa-me, tanto, tanto, dar o beijinho de boa noite sem lhe poder tocar. E porque o beijinho de boas noites é muitíssimo importante e atrevo-me mesmo a dizer, quase imprescindível para ela, eu e o pai inventámos uma técnica, eu dou o beijinho ao pai que por sua vez o distribui à filha. E quando um beijinho não substitui o verdadeiro, pede mais um e mais outro, o que para o pai , convenhamos, é um ritual divertidíssimo. Mas ambas sabemos que não é a mesma coisa, nem substitui aquele abraço que é só nosso. Mal posso esperar que os antibióticos façam efeito e destruam essa "bruxa malvada" de nome pomposo. Mal posso esperar pelos nossos momentos perdidos a serem, finalmente, compensados. Mal posso esperar pelo sorriso dela e pela correria habitual até ao meu colo sempre que entro pela porta de casa...Mal posso esperar pelo beijinho(acho que serão mais-beijinhos) a sério, e pelas nossas noites a duas, quentinhas, escondidas debaixo dos cobertores. Mal posso esperar por ter a minha filha nos braços, como há três anos atrás, quando tudo começou para ela/para nós. Mal posso esperar por ver a tua reação, Boboleta, quando souberes a novidade que temos para te dar...
Adenda: Por enquanto a febre está controlada...Depois de a noite passada termos "voado"(literalmente) de casa até às urgências com a C. no colo a ter convulsões atrás de convulsões devido à alta temperatura, acreditem, hoje - mesmo com a febre ainda presente, estou bem mais descansada.