O dia a dia de uma mamã e das suas Borboletas...

quarta-feira, junho 28, 2006

Um dia de cada vez

Quando em certas alturas da vida tudo nos parece esplêndido, formidável, perfeito, julgamo-nos capazes de tudo. Para ajudar a reforçar a ideia, quando estamos grávidas sentimo-nos imbatíveis, as mais fortes, mais corajosas, derrubamos um "gigante" se for preciso. Somos as super-mulheres. Passamos uma vida inteira a tentar sê-lo. Mas há certos momentos em que, mesmo no limiar inquebrável das nossas fraquezas, precisamos levar um "abanão" para que passemos a viver e a apreciar o valor de determinadas coisas, de uma outra forma. Mudei de casa recentemente. A semana que apanhou os feriados de 13 e 15 de Junho foi passada a desmontar, separar, encaixotar, ao fim ao cabo todo o processo fisicamente desgastante que uma mudança de casa implica. Não sou nada teimosa (longe de mim) e, portanto, decidi contrariar tudo e todos e ajudei a carregar caixotes, subi e desci bancos milhentas vezes, enfim, fiz tudo aquilo que não devia. Por mais que o tentasse contrariar, sabia e tinha a perfeita noção que estava no limite das minhas forças. A meio da noite de quarta-feira, 14, acordei com umas dores abdominais fortíssimas (semelhantes às dores menstruais mas mais fortes), que me levaram de imediato ao hospital. Madrugada -urgências -dores e mais dores...os médicos suspeitaram logo de descolamento da placenta mas descartaram a hipótese de imediato uma vez que não apresentava sangramento. Injeccção para aliviar as dores -eco de urgência e finalmente a resposta que tanto esperavamos ouvir, estava tudo bem com a M., batimento cardíaco normal, bons reflexos nos movimentos...Segundo o médico que me assistiu, as dores intensas que senti foram, provavelmente, um reflexo do excesso de esforço que fiz. Depois de dois dias internada (apenas para vigilância do meu estado) voltei para casa mas com uma condição imprescindível, repouso absoluto. De outra maneira também teria sido impossível, doía-me o corpo todo, mal me conseguia mexer, parecia que me tinha passado um tractor por cima. Apesar de já me sentir um pouco melhor, estou expressamente proibida de voltar ao trabalho até ao final da gravidez, porque devido ao esforço exagerado que cometi fiquei com a zona pélvica bastante sensível e qualquer tipo de esforço maior poderia ocasionar o descolamento. A ordem é para descansar o mais possível -de preferência na horizontal, não permanecer muito tempo de pé (mesmo que o quisesse não consigo, canso-me facilmente se exceder os 10 minutos, se tanto), estou proibida de fazer tudo (acho mesmo que não houve nada que o médico não me proibisse de fazer) e assim estamos, já há duas semanas. O objectivo é conseguir manter a filhota no quentinho o máximo de tempo possível, isto porque, segundo revelou a eco de urgência, a M. é ainda muito pequenina para nascer nos próximos tempos. Não que não tenha elevadas probabilidades de sobrevivência, mas porque segundo o médico, em casos de risco de descolamento da placenta (como é agora o meu), sempre se torna preferível prevenir que remediar. Desde que recebi alta que passei a ser vigiada regularmente pelo médico, tornou-se estrictamente obrigatório. Nas últimas semanas tenho feito um "batalhão" de exames e análises, de forma a controlar o meu estado de saúde e a evolução da gravidez e, felizmente, os resultados têm demonstrado estar tudo bem com a minha filha. Neste momento, a principal preocupação é comigo, a tensão está baixíssima (9 de máxima), o nível de glicose/glicémia no sangue idem,idem e o cansaço (este maldito cansaço que não me larga) também não tem propriamente ajudado. Suplementos de ferro e ácido fólico, vitaminas e doses recarregáveis de descanso, para passar a tomar diariamente. Tenho cumprido à risca todas as recomendações médicas -não quero ter de voltar a passar pelo mesmo -por vezes, tenho momentos em que me sinto terrivelmente culpada, poderia ter evitado toda a situação se não tivesse sido teimosa e irresponsável q.b. Mas é cometendo erros que a vida se encarrega de nos ensinar outras coisas, igualmente importantes, como a calma, a serenidade e a paz de espírito. Deixei de me preocupar com o que poderá acontecer "amanhã". Neste momento, a saúde da minha filha é a minha prioridade. Não vou negar que estar o dia todo em casa, de cama, não é um tédio (ainda para mais quando estava habituada a um ritmo de vida intenso mas o qual, reconheço agora, deveras desgastante). Inevitavelmente, pelas piores razões, esta experiência "mexeu" comigo, com a forma como vejo o mundo e encaro a vida. Estou a aprender a ser mais tolerante comigo mesma (e com os outros também), a dar valor a momentos que antes, se calhar, deixava que me passassem ao lado, a tomar consciência que, por vezes, há certas coisas pelas quais não vale a pena aborrecermo-nos. Estou sobretudo a aprender a cada dia que passa, a viver o presente, sem pressas, nem atitudes precipitadas. O que tiver de ser será, e afinal, o que são dois meses? O tempo passa num ápice, e se tudo correr bem, daqui a nada já tenho a minha filha nos meus braços. Até lá vamos prosseguindo as duas a nossa caminhada, dando tempo ao tempo, sem dar passos em falso, e vivendo um dia de cada vez...

sexta-feira, junho 09, 2006

Registo

Só para registar o momento e gritar aos quatro ventos que estou muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito feliz!!!!!!!!!!!!!!!! Agora é que vai ser a "doer", mas a mim tanto me faz como diz o refrão, o que importa é que consegui (finalmente!) e apartir de agora venham "elas" (venham, pois!) que eu estou pronta para o que der e vier! ;)

quinta-feira, junho 08, 2006

À minha mãe

Mãe, hoje é um dia especial, um dia de celebração e festa, mas é sobretudo um dia que não quero deixar passar sem dizer algumas coisas, que há muito lhe quero dizer.
A mãe é uma Mulher com M maiúsculo, uma Mulher de armas, uma pessoa forte e decidida, que pensa sempre nos outros em primeiro lugar, que está sempre disponível para todos, que tem um coração do tamanho do mundo. Foi na figura da mãe que me espelhei sempre enquanto crescia e ainda brincava ao elástico e às bonecas. Via-me ao espelho e dizia, um dia vou ser como a mãe. Sabia lá eu o quanto teria de me esforçar. É e sempre foi a principal inspiração, a mulher mais importante da minha vida. Com o passar do tempo fui tomando consciência que todas as pessoas e todas as vidas são diferentes, que posso ser eu própria sem ter de corresponder a ideais e modelos de ninguém. Isso foi apenas uma das coisas mais importantes que aprendi com a mãe, e aprendi muitas. Recordo-me, vagamente, de um Dia da Mãe (devia ter o quê? 9,10 anos?) quando cheguei da escola, entusiasmada, com o meu presente na mão (um jarro de barro pintado por mim para pôr flores) a mãe agradeceu-me e eu lembro-me de ter ficado muito triste quando vi os presentes das minhas irmãs e a mãe disse "são todos muito bonitos". Eu só pensava "não pode ser! O meu é o mais bonito". E a mãe teimava que eram todos igualmente bonitos. Hoje sorrio cada vez que entro na sala e ele continua ali, onde sempre esteve. Obrigada por nos ter tratado sempre de igual para igual, mãe, e nos ter ensinado valores tão importantes como a partilha e o respeito mútuo. Esqueci-me de dizer-lhe (e agradecer-lhe) que grande parte do que hoje sou devo-o a si, ao seu esforço, à sua dedicação de toda uma vida. Não deve ter sido fácil, e sei que muitas vezes não o foi, abdicar de uma carreira, de uma independência profissional, para tomar conta de 6. Às vezes quando estamos todas juntas, ponho-me a pensar "mas como é que a mãe conseguiu?". Eu já me vejo "grega" quando ainda só tenho de lidar com uma, imagino com 6! A mãe é e sempre será a minha grande confidente, o meu ombro, o meu conforto, o 1º colo para onde corro sempre que algo corre menos bem, a pessoa que sei que estará sempre à minha espera para me fazer um carinho e me enroscar nos seus braços. Neste dia tão especial, não podia deixar de dizer o quanto a admiro, a adoro, o quão importante é para mim e para todas nós. O que seria de nós sem a mãe?! Tantas vezes que foi mãe/pai (e sei que lhe custava imenso as ausências dele), e também sei que apesar de muitas vezes não o ter demonstrado se sentia triste e sozinha, mesmo com uma casa cheia. Recordo-me como se fosse hoje quando certo dia, já adolescente, lhe perguntei se a mãe estava triste, e a mãe deu-me um beijinho e disse "Como é que podia estar triste? Tenho umas meninas tão bonitas, sou a mulher mais feliz do mundo!". E naquele momento, talvez por estarmos só as duas (o que era raro) senti-me a mais importante de todas, a mais previligiada. Obrigada, mãe. Saber que a vida nem sempre nos dá aquilo que gostariamos, que nem tudo nos cai de mão beijada, que há que ser persistente e lutadora, que há que ter objectivos e metas bem definidas e acima de tudo nunca desistir -foi das coisas mais importantes que aprendi e absorvi da mãe. Agora, depois de casada e mãe, dou comigo a pensar várias vezes enquanto estou com a minha filha, nas conversas que tinhamos, nas brincadeiras todas juntas...É isso que quero transmitir-lhe, tudo o que a mãe me ensinou até hoje. Sempre que estou mais em baixo lembro-me da mãe e de toda a sua força inesgotável. Nem sempre a vida nos sorri, e essa foi outra das lições que aprendi consigo, quantas vezes chorámos desavenças juntas e nos desfizemos em lágrimas de perdão e gratidão. Hoje é bom, olhar para a mãe e vê-la com uma vida nova, na profissão que cedo teve de renegar, a fazer o que gosta e a ter tempo para ajudar quem precisa, que foi o que sempre fez melhor que ninguém.
Hoje, que já somos crescidas e independentes, olhamos para a mãe (e se olhar com atenção nos nossos olhos vai perceber que é um sentimento comum a todas), e temos a certeza que continua a ser uma pessoa imprescindível nas nossas vidas. Além de tudo o que significa para nós é ainda uma segunda mãe maravilhosa para os nossos filhos (sim, às vezes temos uma pontinha de inveja:), é a mãe, e está tudo dito. Neste dia, mais que agracer-lhe a vida, quero agradecer-lhe sobretudo a disponibilidade, a dedicação, o carinho, o empenho, o amor, tudo o que fez de mim a mulher que sou hoje. Sei que por mais que escreva, todas as palavras nunca serão suficientes para demonstrar o orgulho que tenho em tê-la como mãe.
Quando em miúda lhe perguntava o porquê de tantos sacrifícios por nossa causa a mãe respondia-me "um dia vais ser mãe e também vais entender". Hoje entendo mãe, como entendo.
Parabéns!!!

terça-feira, junho 06, 2006

Fitas, birras & Cia

Nos últimos tempos, ao ver a minha barriguita crescer a olhos vistos, a C. tem demonstrado e vivido sentimentos muito contraditórios. Senão veja-se, está numa fase em que (depois da fase de afastamento por que passámos), vive ao meu colo, ou abraçada a mim, ou às minhas pernas, não me larga 1 segundo, nem quando vou deixá-la de manhã ao colégio. Tem feito umas birras descomunais, o que nunca aconteceu antes. Tem sido difícil ao ponto de ter de ir com o G. entregá-la à educadora porque senão a "fita" ainda seria maior...Não sei o que se passa, verdadeiramente, mas acho que no fundo ela está a começar a notar que a chegada de um novo elemento à família vem mudar muita coisa naquele que foi, até agora, o "universo" dela. E depois há uma coisa que nunca disse aqui, mas a C. é uma criança muito mimada, e admito que sou uma das grandes culpadas (senão a maior) por isso, já cheguei inclusivé a pensar que a principal razão por detrás da rejeição inicial da mana, possa estar relacionada com esse excesso de mimo. Talvez esteja errada, espero que sim. Adiante.
Ontem à noite equanto lhe lia o livrito mencionado à direita (que aproveito para dizer, é simplesmente delicioso), olhou para a minha barriga e perguntou-me se podia voltar lá para dentro. (Será um sinal de que está a regredir? Tenho receio que estas birras recentes possam estar relacionadas com o facto dela querer voltar ao estatuto de "bebé", que sei que já não lhe pertence mas ao qual ela estava habituada (culpa minha! eu sei, mais uma vez) e ao qual ela parece não querer renunciar na fase "pós nascimento da mana"). Talvez possa estar errada, talvez possa estar a fazer uma tempestade de um copo de água -mais uma vez, talvez não.
Como resposta à questão dela poder voltar para dentro da minha barriga, expliquei-lhe que só os bebés é que podem, que os meninos e meninas crescidos já são tão grandes e pesados que já não cabem na barriga das mães...Em menos de 5 segundos respondeu-me assim "Mas eu posso fazê dieta! Assim já dá, não dá main?"
Dieta?!?! Mas onde é que ela ouviu falar de tal coisa?! No colégio não deve ter sido de certeza, nós lá por casa também não usamos disso...Às vezes fico sem perceber bem onde é que ela vai buscar certas expressões...Bem, por acaso até que já faço uma ideia, mas como é óbvio não vou estar aqui a mencionar nomes, não é D. Inês e D. Isabelinha?
Ps: Desta vez não me escapam! :)

sexta-feira, junho 02, 2006

Xutos e Pontapés

Às 27 semanas e 5 dias o "passatempo" preferido da minha filha é dar pontapés seguidos de mais pontapés, e com quanto mais força melhor!?
Começa de manhã (geralmente no duche) com um dos fortes estilo "Bom dia, mãe! Acordei!", continua no metro a caminho do trabalho, à tarde (depois de almoço) principalmente quando estou sentada, é quase um ritual, não pára 1 segundo, literalmente. Já nos deu a entender que vai ser tão ou mais irrequieta que a mana. Durante as reuniões de trabalho, principalmente quando tenho de prestar atenção a algo importante e concentrar-me no que os colegas estão a dizer, ela vinga-se, do género "dá-me-atenção-a mim-e-esquece-lá-esses-chatos-mãe". Ao final da tarde enquanto preparo o jantar, quando estou no sofá a ler ou a ver televisão, principalmente quando está um ambiente calmo e de algum silêncio ela lá se recorda de dar o famoso pontapé -"Mamã, estou aqui!". Importa referir que à medida que o dia vai passando a intensidade dos pontapés aumenta, o que não ajuda em nada quando já estou deitada e a caír de sono, pois é quase sempre nessa altura que se dá o pico de toda a actividade da moçita. Às vezes interrogo-me (e custa-me perceber) mas será que depois de tanta actividade não te cansas e não tens uma pontinha de sono, filhota? É que a mãe, principalmente ao final de um dia de trabalho, já está quase, quase a passar das brasas, se é que me faço entender... Durante a noite como já estou mais que "ferrada" no sono (e tenho o sono pesado) não sinto nada, mas já não é a primeira vez que o G. me diz que a voltou a sentir mais de uma vez durante a madrugada. Posto isto, fiquei a pensar, ou muito me engano ou a minha segunda filhota puxou aos papás e já é uma aficionada da banda do Tim&Cia, ou isso ou está convencida que a minha barriga é um ringue de kickboxing.
Estou para aqui a divagar sobre as preferências musicais e desportivas da filhota que quase me esquecia da novidade, já entrámos no 6º mês! (sim, também me custa acreditar!) mas a barrinha está aí para o comprovar! :) Estamos prestes a completar as 28 semanas ou seja, acabámos de entrar no terceiro e último trimestre de gravidez! (Como é que é possível?!?!) Parece que foi ontem que fiquei sem reacção quando vi as duas risquinhas que deram uma volta de 360º graus à minha vida... E depois, a sensação que tenho, é que esta segunda gravidez tem passado muito mais depressa... E pensar que daqui a apenas 3 meses (já só faltam 3 meses!!) vou poder finalmente conhecer e segurar (abraçar, beijar, cheirar, acariciar e todos os sinónimos acabados em ar) a minha filha nos meus braços...
Por acaso alguém tem andado a acelerar os ponteiros do relógio e esqueceu-se de me avisar?!?!?
Ps: Sei que ultimamente tenho andado um pouco afastada da blogosfera e que não tenho "cumprido" muito com as visitas aos vossos cantinhos mas prometo que em breve vos compenso :) Tenho andado cheia de trabalho, prazos e prazos (que têm dado comigo em doida), reunião aqui, reunião ali, ver casas aqui e acolá (está a ser difícil a escolha da casa nova), depois o calor também não tem ajudado nada e na terça tive um "breakdown" em pleno exercício das minhas funções (uma ligeira quebra de tensão, nada de grave, já me recompus novamente). Ainda não chegou o Verão (a data propriamente dita) e já tenho quebras de tensão, nem quero imaginar como será em pleno mês de Agosto, quando já estiver no final da gravidez... Acho que vou ter de fazer um "sacrificiozito" e passar os dias inteiros dentro de água. Lá terá de ser... que chatice! ;)