O dia a dia de uma mamã e das suas Borboletas...

segunda-feira, maio 29, 2006

Domingo Cheio

Manhã, cedo. Campaínha. Últimos preparativos, pás e balde na mão, toalha, mochila às costas. Boboleta entregue a um dia inteirinho de praia e campo na companhia dos tios e primos. Pais descansados da vida, em casa, sem Boboleta = desforra total. Pequeno-almoço na cama (morangos, leite e bolachinhas com doce), calor abrasador = ar condicionado ligado (a minha casa tem um efeito-estufa nos dias de calor -tem de ser), pais na "ronha" -o dia inteiro a vaguear pela casa de pijamas, sem horários, obrigações, telemóveis e computadores desligados, apenas com o único compromisso de não fazer absolutamente nada o resto do dia. Almoço também na horizontal -salada fria (com pedaços de maçã, passas e queijo) -Bis. Início de tarde, casa mais fresca, janelas abertas, estores corridos, dvd on -"Orgulho e Preconceito"(finalmente tempo para ver!), beijinhos e mimos à mistura = namoro em dia, tarde de sesta para os papás. 18 h -duche, Boboleta quase a chegar, jantar em curso -música deliciosa de fundo (baixinho), mesa pronta. Boboleta de volta -bochechinhas coradas do sol, banhito tomado (obrigada, tia), para o jantar da piquena "peixinhos da hota, mãe!?!?" -beijinhos mãe, abraços mãe, beijinhos mãe (sei que adoras e decidi fazer-te uma surpresa). Tudo comidinho, sim sra. Camisa de dormir, dentinhos lavados, chichi -cama, "mas ó mãe isto, e ó pai aquilo, e a água estava tão fia! e depois tinha lá um bicho à beirinha e o primo B. meteu no balde e despexou e a tia raiou com ele, e depois fomos pa uma casa e tinha lá galinhas mãe! galinhas! e pintaínhos pai! e depois e depois e depois..."(e soninho depois de um dia destes, filhota?!?!). Deixei-te falar, desta vez foste tu que contaste a "história", à tua maneira. E eu adorei ouvir-te. Ainda bem que gostaste. E depois, e depois...(shiuuuuuu) não faças barulho, pedi-te. A mana tinha acabado de dar um pontapé dos fortes e, sem receios, perguntei-te se querias senti-la mexer. Respondeste um não -cheio de certezas. O pai colocou a mão dele sob a minha barriga e tentava entusiasmar-te repetindo "o pé da mana está aqui, agora fugiu para aqui" e tu olhavas aquilo com uns olhos brilhantes a rebentar de tamanha curiosidade, enquanto o pai continuava a incentivar-te se querias sentir a mana com a tua mão. Respondeste um não -já com menos certezas..."Não queres mesmo?", ainda retorqui. Fica para tentar outro dia, conformei-me. [Mas o G. surpreendeu-me ao pegar na mãozinha da C. e lá conseguiu que ela (muito a medo) a colocasse na minha barriga]. Não acreditei no que estava a presenciar, estranhei todo aquele cenário inesperado, mas ao mesmo tempo tão esperado. Talvez a M. também tenha estranhado a tua mão, pois parou de manifestar-se assim que a colocaste na minha barriga. O pai aproveitou para tirar partido da situação "Então os pontapés para a mana? Estás envergonhada Maria?". Achaste piada, e decidiste acompanhar o pai "Maria? Maria??", enquanto eu assistia cada vez mais incrédula. Mas a tua mana fez-se de difícil e demorou um tempinho até manifestar-se de novo. "Olha!" -a mana lá voltou a mexer-se e tu vibravas de riso a cada pontapé, e eu sentia-te cada vez mais perto. Finalmente, e depois de uma longa espera, apetecia-me ficar a contemplar aquele cenário a noite inteira mas depois de te brindar com mais dois pontapés, a mana parou por ali. E porque já era tarde, e estava mais que na hora de fechar os olhinhos, disse-te que já estava na hora das minhas meninas dormirem. Cobri-te com o lençol, apaguei a luz e quando me preparava para te dar o beijinho de boas noites "Mãe a mana já está a dormir?"-"O quê filha?" [devo ter ouvido mal, pensei]. "A MINHA MANA já está a dormir?". (Sem palavras) "Está quase..." - "Como é que tu sabes?"-"A mãe sabe..."-"Mas como é que tu sabes?" (tu e as tuas dúvidas!)-"...a mana está a dizer-me assim "eu só durmo mãe, quando a minha mana também dormir!". Soltaste uma gargalhada e aconchegaste-te a mim. [Sabes, Boboleta, sem te aperceberes totalmente, acabaste de dar o maior passo até agora...Parece que te decidiste, de uma vez por todas, a colocar os teus medos de lado e já começas, finalmente, a enfrentar a realidade de outra forma...E sei que mais tarde ou mais cedo vais acabar por aceitá-la definitivamente]. "Vais gostar da tua mana", disse-te, frontalmente. Despreveniste-me com mais um "como é que sabes?". [sacanita]. Respondi-te com todas as certezas do mundo "eu sei filha, sinto..." Beijinho -"dorme bem". "Mãe, o que é sentir?"

sexta-feira, maio 26, 2006

Desejo concedido :)

Para que conste, e fique registado para a posteridade, acabei de comer o quinto. Desde as 21:30h de ontem.
Ps: Ups! Se calhar excedi-me um bocadinho...

quinta-feira, maio 25, 2006

Fofos...



Prometi a mim mesma que ia acabar por controlar-me mas não resisti e aqui estou para fazer uma espécie de "final appeal". Passo a contextualizar a situação, há pouco estive a almoçar num restaurante perto do meu local de trabalho, onde se vendem estes bolinhos deliciosos, os Fofos de Belas. Mal entrei no restaurante e assim que os vi na vitrine fiquei logo com água na boca. Passei o almoço todo a "namorá-los" e desejosa que chegasse a vez da sobremesa. Quando finalmente me levantei para comprar um, uma Sra. que estava à minha frente na fila pediu para levar os últimos 4! Tive um ataque daqueles, não queria acreditar -não podia ser, como já estava prestes a desesperar perguntei-lhe como quem não quer a coisa "desculpe, mas vai mesmo levar os 4?", ainda empinei a barriguita para ver se a "conquistava" mas não. Roubou-mos todos. Literalmente. Um dos meus colegas, que é de resto uma pessoa muito bem disposta, ainda se chegou ao ouvido da Sra e disse em tom de brincadeira, "sabe minha Sra. Deus não perdoa quem faz coisas destas a uma grávida" (obrigada pela tentativa J.P :), mas de nada valeu, ela estava mesmo empenhada em levar os 4 fofos e como se não bastasse ainda teve a lata de nos "brindar" com um sorrisinho irritante antes de pegar no saco com os bolos e sair do restaurante. Apeteceu-me esganá-la no verdadeiro sentido do termo, amuei, amuei pois, como um miúdo a quem retiraram o doce. Voltei para o Atelier com uma sensação de vazio no estomâgo, mesmo depois de ter repetido o prato de bacalhau à Gomes de Sá (que estava divinal), mas não é a mesma coisa, sinto que falta o tal gostinho final a doce na boca. Desde então que estou com um desejo insaciável de comer os fofinhos, até consigo sentir o sabor e a textura suave do creme por baixo da língua, e pelos vistos não fui só eu que fiquei com desejo (a M. tem-se revelado bastante agitada desde a hora de almoço), só é pena que não possa sair do Atelier agora porque além de ter o carro quase a "milhas" do meu local de trabalho, ainda teria de dar uma volta enorme até Belas e enfim, a juntar a isso tenho muito trabalhinho em cima da secretária. Se tivesse a mínima oportunidade já me tinha feito à estrada, isso era mais que certo. Assim como assim, se alguém estiver a ler este meu desesperado e último apelo e, porventura, se encontre em Belas ou próximo ao local, tiver um tempinho livre e se dispuser a trazer-me os fofos (não se preocupem que pago tudo, os bolinhos e todos os custos adicionais de "envio"), iria ficar-lhe eternamente grata. Só não se esqueçam é de trazer os fofinhos, duas embalagens (acho que chega), eu pago -palavra que pago, não demorem é muito tempo a chegar, sim?
Ps: Não havia necessidade nenhuma minha Sra, não havia... :S
Adenda: Para que fique claro, quando referi se alguém me podia trazer os bolinhos ao trabalho estava, obviamente, a brincar! Não é que acabei de receber um e-mail de uma pessoa que não conheço (pelo menos pelo nome), a perguntar-me a morada do meu local de trabalho para me poder enviar os fofinhos! Também não deu para perceber se é a sério ou se alguém tirou a tarde para gozar simplesmente com a minha cara. Não sei o que dizer, só sei que (seja a intenção verdadeira ou falsa) tanto eu como os meus colegas de trabalho nos estamos a rir "a bandeiras despregadas" até agora...

segunda-feira, maio 22, 2006

O teu nome...

Está, finalmente, escolhido. Confesso que já me começava a fazer uma certa confusão essa "mania" de todos se referirem a ti como "a bebé", a "menina", "a pequenina", enfim todos estes termos que, apesar de estarem cheios de boas intenções, não substituem aquele que será o teu nome no verdadeiro sentido da palavra. Depois de vários palpites, muitas sugestões e opiniões, algumas divergências, decidimos que dos 4 M's que tinhamos inicialmente escolhido ficariam apenas 2 (um da minha preferência e outro da do pai). Devo confessar-te que a escolha do pai em relação ao teu nome, além de curiosa e inesperada, não me "conquistou" logo à primeira. Queria que fosses Maria, não uma Maria qualquer, mas sim uma Maria do Mar. Estranhei. Ambos vimos de famílias bastante tradicionais com uma linhagem de nomes tradicionalmente antigos, com alguma história. O C. da mana refere-se a Constança, nome sugerido pela tua avó materna que sempre gostou muito deste nome. Decidimos fazer-lhe a vontade e dar-lhe uma neta Constança, apesar de na altura (estava grávida de quase 7 meses) já termos escolhido outro nome para a Boboleta, decidimos reconsiderar. Hoje, não imaginava a tua mana com outro nome senão esse. Voltando à questão do teu nome, depois o pai veio com os motivos por detrás da escolha e porque de facto o mar tem sido um elemento presente em toda a nossa história juntos, decidi dar-lhe uma "chance". É verdade, ambos temos uma forte ligação com o mar, o teu pai sempre foi, desde cedo, muito ligado ao mar e ainda hoje continua a não dispensar semanalmente umas manobras ao sabor das ondas, eu não consigo passar um dia em pleno verão sem entrar no mar ou pelo menos passear à beira mar (o que acaba quase sempre por nunca acontecer dado que raramente consigo resistir), gosto de dar os meus passeios matinais de sábado pelas praias da marginal (preciso de sentir o cheiro do mar, respirá-lo em toda a sua imensidão e plenitude -transmite-me uma paz interior imensa e faz-me um bem enorme à alma). O mar foi, igualmente, um dos factores que ponderei quando comprámos a nossa casa, queria que estivesse o mais próximo possível do mar (e de facto, estamos a menos de 5 km da praia mais próxima), depois é também um elemento que tem servido de pano de fundo para momentos marcantes da nossa vida em conjunto. Casámos frente ao mar, namorámos e partilhámos momentos inesquecíveis em que o cenário do mar foi sempre uma constante. Maria do Mar?, reconsiderei. Após ter ouvido a explicação por detrás da escolha do pai achei que, apesar de diferente (talvez até um pouco ousado), é um nome lindo porque contém Maria (que é um nome do qual gostamos muito e que não foge à tal tradicionalidade que defendemos), mas essencialmente, porque é na conjugação com o elemento mar que reside toda a beleza e a originalidade deste nome. E foi assim que o teu pai me convenceu. Vi-me então "tentada" a colocar Matilde de lado. Não me arrependo. Tenho quase a certeza que este é e será o nome indicado para ti. Além disso tem toda uma história, tão bonita, por trás...É diferente, único, não está na moda (o que aliás contribuiu para que o preferisse a Matilde) e apesar de ser um nome composto (confesso que não sou grande adepta de nomes compostos -excluindo todos os que começam por Maria), é um nome que não faz o vulgarizado "pendant" adoptado ao estilo das muitas Carlas Sofias ou Cátias Vanessas por este país fora. Ainda hesitei antes de dar a minha resposta final, ponderei o facto de já teres uma prima Maria (mas que de facto é só Maria) e idealizei que, apesar do teu 1º nome ser o mesmo, são 2 Marias diferentes, uma é mais do mar e a outra talvez mais da terra :) A família gostou e aprovou a escolha (apesar de ter desiludido algumas meninas que já estavam mais convencidas que eu de que serias uma Matilde).
No domingo fomos almoçar a casa de um casal amigo e durante o almoço deixámos escapar o teu nome. A tua mana (que estava ao meu colo) ouviu, e muito bem. Planeavamos contar-lhe numa outra ocasião, noutra altura, de outra forma. Mas pelos vistos a Boboleta não se incomodou minimamente e à hora do lanche perguntou-me "Mãe, o teu bebé (ainda não conseguiu habituar-se à ideia de te chamar mana, e para quem passou o último mês a ouvir chamar carinhosamente a barriguita de "maninho" e "mano Afonso", confesso que tem sido um choque para mim ter de me contentar com a expressão "o teu bebé". Parece dar a entender que já não te quer...Recapitulando, perguntou "o teu bebé vai chamar-se como?". Respondi-lhe Maria do Mar, gostas filha? Abriu a boca para mais uma colherada de iogurte e respondeu-me com um simples encolher de ombros. Não deu para ficar suficientemente esclarecida se tinha aprovado ou não. [Confesso que essa dúvida ainda veio acrescentar mais uns cms à minha pontinha de tristeza nesta problemática "questão da mana".] Uns 15 minutos depois enquanto me dirigia à casa de banho, passei ao lado do quarto da filha desses meus amigos [que é apenas uns meses mais nova que a C.] e, entre a terna espontaneidade dos risos e a indecisão da toilette apropriada para o Ken sair com a Barbie, ouvi de dentro do quarto uma voz familiar sussurar baixinho, quase que em tom de segredo: "Sabes Francisca, a minha mana vai chamar-se Maria do Mar" :)))))))))

quinta-feira, maio 18, 2006

Finalmente, o abraço...

Esta noite, pensava eu que ela já ia no sétimo sono -afinal já a tinha adormecido há mais de 1 hora, quando de repente me aparece uma ternurinha descalça no meio da sala, a esfregar os olhinhos ensonados e a murmurar em tom pachorrento que não conseguia dormir. Olhei o meu pedaçinho de gente de camisa de dormir rosa, fitei-a nos olhos azuis imensos, perdi-me nas bochechinhas rosadas e nas pernas rechonchudas (só me apetecia senti-la e apertá-la contra os meus braços) e, sem receios, perguntei-lhe se queria deitar-se junto a mim e ao pai no sofá. Respondeu que sim com a cabeça enquanto bocejava e voltava a esfregar os olhos contra a claridade da luz. "Quero dormir ao pé de ti, mamã", disse-me, sem "pedir licença". Não estava minimamente à espera de ouvir aquilo, naquele momento, dito daquela forma...Olhei para o G. e automaticamente esboçei um sorriso, um sorriso do tamanho do mundo. Depois de mais de uma semana a tentar "evitar" os meus carinhos e a não corresponder aos meus gestos de afecto, a minha filha estava ali à minha frente, naquele instante, a pedir da forma mais natural do mundo para se deitar junto a mim. Olhou para o pai e disse-lhe para sair do meu lado porque queria ficar "só com a minha mãe". Pedi-lhe que saísse. Rabujou mais uma vez que não tinha sono (estava a cair de sono), mal conseguia abrir os olhinhos. Acendi o candeeiro pequeno enquanto ela se deitava à minha frente e aninhava a cabeça no meu peito. Olhou para a minha barriga destapada, uma, duas vezes (não disse nada), olhou novamente para mim, esticou os braços em direcção ao meu pescoço, fez me um "caracol" (gesto de enrolar uma madeixa do meu cabelo com os dedos que costuma fazer até adormecer), e finalmente deu-me um beijinho. Não aguentei e desfiz-me em lágrimas. Foi como se naquele momento ambas suplicassemos pelo "toque" uma da outra, 12 dias sem um abraço pareceram uma eternidade. Perguntou-me porque estava a chorar, se estava doente, respondi-lhe que não era nada, que agora já estava a passar. Ficou a olhar-me fixamente nos olhos, com a cabeça encostada ao meu peito enquanto contrariava o sono ao fazer-me "caracóis" no cabelo. Sem dizer nada. Não era preciso. Ficou tudo dito com o olhar. Permitiu-me voltar a fazer-lhe festinhas no cabelo, enquanto desenhava mil desculpas com o dedinho sob o meu regaço, até que se deixou finalmente adormecer. Fiquei a observá-la, a dormir calmamente, a afastar-lhe os cabelos das faces rosadas e a sentir a respiração dela contra o meu peito. Estavamos tão perto, tão perto, que parecia que ela tinha voltado de novo para dentro de mim. Redescobri-lhe as feições, que já conheço de cor, absorvi-lhe o cheiro bom da pele macia, inalei-lhe o toque das mãozinhas fechadas e húmidas, e senti que apesar de tudo, de todas as vicissitudes que me possam surgir no caminho, sou uma sortuda por ter uma filha que faz de mim uma pessoa mais feliz. Alheio a este cenário, dado que foi "excluído" de imediato pela filhota, de vez em quando o pai desviava a atenção do livro e deitava-nos um olhar de relance, como se também quisesse fazer parte daquele momento. Entretanto comecei a sentir a M. mexer, olhei para a minha filha que já dormia profundamente, peguei-lhe na mãozinha com cuidado, abri-lhe os dedinhos um a um e coloquei-a devagarinho sob a minha barriga. Fui demasiado egoísta e decidi que havia de partilhar aquele momento apenas com a minha filha. (Desculpa pai, mas também temos aqueles momentos só nossos, em que não deixo nada nem ninguém intrometer-se).
Fechei os olhos e senti-me no dever, utopicamente possível, de perpetuar no tempo aquele momento tão umbilical, em que as minhas meninas estavam lado a lado, aninhadas em mim, protegidas pelo meu cordão de afectos, enquanto a serenidade do sono profundo as prepara para a vida, para o mundo...mas ao mesmo tempo tão frágeis e inocentes, a suplicarem ao meu universo que as abraçe...

sexta-feira, maio 12, 2006

A mana

Como referi no post aterior, a C. não reagiu bem à novidade, não aceita e não quer aceitar que vai ter uma mana. Apesar de eu e o pai lhe tentarmos explicar que a mana vai ser a sua melhor amiga, que vai poder brincar com ela, a C. finge que não ouve, não dá muita importância, não quer falar da mana e foge quase sempre do assunto. Depois da reacção que ela teve no sábado, quando lhe contámos, as coisas não têm corrido de feição nem para ela nem para mim. A minha filhota que passava a vida a dar-me beijinhos e a fazer-me festinhas na barriga até adormecer, não o voltou a fazer desde então. Está comigo normalmente, fala comigo, só adormece a meu lado, mas os gestos carinhosos de sempre, e digo sempre porque os teve sempre, já não os tem comigo. Sempre fomos muito ligadas tanto emocional como fisicamente, como tal nunca esperei este tipo de atitude de "rejeição" vindo da minha filha...Não tem sido fácil para mim, muito menos para ela. Em conversa com uma amiga psicóloga tomei consciência que esse afastamento dela não é necessariamente para com a minha presença, uma vez que não sou o objecto de rejeição em si, mas sim porque de certa forma trago em mim a realidade que ela rejeita. Aconselhou-nos a não tocar no assunto "mana" muitas vezes porque mais tarde ou mais cedo ela acabará por aceitar a realidade de uma forma natural, não forçada. Ainda recebi o livro da direita como "bónus" para lhe ir lendo à noite (a psicóloga faz questão que seja só eu a lê-lo e não divida a leitura com o pai), conta a história de um menino, o Tchim, que espera uma mana, a Pim, e no fundo retracta, ainda que de forma súbtil, o momento que a C. está a viver, além disso também aborda a temática "de onde vêm os bebés" que relembro, sempre foi um quebra-cabeças para a Boboleta. Já comecei a ler-lhe na terça e há passagens do livro que são, de facto, deliciosas. Ela fica muito quietinha a ouvir-me, até que o sono é mais forte, fecho o livro, tapo-a e dou-lhe um beijinho de boas noites. Depois volto para a minha cama com uma sensação de vazio enorme, que nunca senti antes, sinto falta do abraço da minha filha, da maratona de beijinhos antes de dormir, do sorriso dela quando põe a mão com cuidado sob a minha barriga, no fundo sinto falta de não poder partilhar com ela as minhas expectativas em relação à mana, o nome que ela gostava de lhe dar, sinto falta de tudo, ao pormenor. Muitas vezes (quase sempre), não tenho conseguido evitar e tenho chorado todas as noites, sinto falta do calor dos braços da minha filha, sinto-me fragilizada, desprotegida, desamparada. Além disso, esta semana tem sido um acumular de excesso de trabalho (trabalho que já vem das férias da Páscoa, dos dias que passei em casa de cama), sinto-me cansada fisica e psicologicamente, nos últimos dias ando enervada e impaciente com tudo, tenho andado a ultimar os preparativos para uma inauguração que me tem feito suar as estopinhas, irrito-me com facilidade, depois descarrego em quem não tem culpa nenhuma do meu "mau-humor", tenho momentos em que só me apetece fugir e voltar sem data marcada. Ao final da tarde chego a casa estourada e não tenho vontade de fazer nem jantar nem nada, sinto-me sem estímulos para coisa alguma e como estou numa fase "lingrinhas", choro e choro sem perceber bem porquê. Sei que sou privilegiada por ter um marido carinhoso que faz tudo por mim e para me ver feliz, que tenho uma filha que apesar de não o demonstrar agora, está cheia de vontade de correr em direccção à porta de casa e se atirar sob o meu colo como sempre o fez quando me vê entrar...Mas sinto-me triste e "culpada" por tê-la decepcionado e não lhe ter dado o mano que ela queria. Não sou uma pessoa de choro fácil, e quem me conhece sabe disso, mas bolas, não sou de ferro. À noite não tenho conseguido adormecer e, de repente, é como se entre a escuridão de quatro paredes todas as coisas viessem em cascata ao meu pensamento, os assuntos de trabalho, o problema com a C... O que me vale é que o G. tem sido uma espécie de colo reconfortante, e enquanto o sono não vem temos imaginado a filhota, como é que vai ser, se vai ter os meus olhos, se o nariz dele...de certa forma, têm sido estes momentos que têm funcionado como "escape" para todos os problemas. Uma noite destas ficámos até às tantas a dar palpites e a debater nomes, começámos por escolher 6, depois reduzimos para 4 e por agora mantemo-nos nos 4. Curiosamente, todos começam pela letra M., por isso com toda a certeza a filhota mais pequenina vai ser uma M. Estamos desejosos por saber a opinião da C. e esperamos poder contar com a ajuda dela nesta escolha. Este fim de semana vamos dedicá-lo só a ela, vamos para Porto Côvo, só os três, planeámos uma ida à praia, um piquenique no domingo, uma visita aos cavalos e aos póneis (que ela adora), muito subtilmente vamos lhe falando da mana aqui e acolá, com a intenção de lhe fazer crer que a chegada da mana vai trazer muitas coisas boas. E eu espero, sinceramente, conseguir reconquistar a minha filha.
PS: Peço desculpa se "massacrei" alguém com este meu desabafo, para problemas já bastam os nossos. Eu sei. Mas soube-me bem, poder aliviar a consciência, assim, desta forma.

domingo, maio 07, 2006

Boboleta II


Sem grandes apresentações e passando directamente ao assunto: aqui está ela! (reparem no pormenor da mãozinha) :)
Pois é. Parece que a D. Cegonha decidiu trazer mais uma boboleta no bico. Desta vez a ecografia correu muitíssimo bem, aqui a filhota deixou-se finalmente de reservas e decidiu mostrar-se logo à primeira. A eco confirmou que está tudo óptimo com a boboleta mais pequenina, que passou o tempo todo a sacudir as pernitas e a dar às mãozinhas (já deu a entender que vai ser irrequieta como a mana) e, segundo nos disse o Dr F., puxou ao pai e vai ser uma bebé bem comprida. Quanto aos papás, estamos a "rebentar" de tanta felicidade! :)))))))))) A parte mais difícil foi contar à Boboleta mais crescida que o "mano Afonso" afinal vai usar vestidos e laçinhos no cabelo...Como já esperavamos, a reacção dela não foi, nem está a ser, das melhores :S Apesar de me sentir muito feliz com a novidade, não consigo deixar de me sentir magoada e triste com a minha filhota mais crescida. Mas por agora, quero saborear em pleno este momento feliz que eu e o G. estamos a viver. Já a D. Maria Helena (minha avó) dizia, tristezas não pagam dívidas. Não pagam, de facto. Mas que isto não está a ser nada fácil nem para a C., nem para mim, não está. De todo...

sexta-feira, maio 05, 2006

É hoje (espero!)

Que vamos ficar a saber, finalmente, o sexo do filhote. Esperemos que desta vez ele/ela dê um arzito da sua graça e se mostre menos evergonhado/a. A consulta está marcada para as 18:30h mas desde a hora de almoço que a ansiedade tomou conta de mim e que estou com um nervoso miudinho que não me tem deixado concentrar no trabalho, já não consigo pegar em mais nada hoje -está mais que visto, já dei o que tinha a dar, não faço mais nada até às 17h ( ainda bem que tenho o privilégio de me permitir a este tipo de benesse, caso contrário teria de trabalhar contrariada e mais nada). Entretanto a C., nestes últimos dias não tem parado de falar no "mano Afonso" (sinceramente, eu e o G. já "desistimos"), os desenhos que traz do colégio "são para o Afonsinho mãe!", as roupinhas de quando ela era bebé que tenho andado a separar são "todas (ou quase todas) para o Afonsinho" (mesmo as que têm motivos de menina) :S Uma tarde destas tive de ir, à última da hora, trocar um presente a um centro comercial e cada loja de roupa e artigos para bebé que ela descobria, mesmo com a pressa com que estavamos, era motivo para me puxar pela mão e "olha tão giro po meu mano, mãe!", "olha este!","e mais este, mamã!". Espero não ser mal interpretada mas confesso que já não a conseguia ouvir falar mais no mano. O que realmente me preocupa face a esta situação, e não sei se deva dizê-lo desta forma, mas acho que a minha filhota está "obcecada" com este assunto do "mano", que aliás relembro, foi ela mesma que criou. Por mais que tentemos falar com ela sobre a possibilidade de poder vir aí uma mana, já a tentámos chamar à realidade várias vezes mas ela não nos quer ouvir e como quem não quer a coisa, tem se revelado uma "artista" em mudar logo de assunto. Ainda para mais, quando a C. mete uma ideia fixa na cabeça, torna-se difícil conseguir demovê-la ou contrariá-la, o que não tem facilitado em nada o nosso trabalho enquanto pais e educandos. Queremos evitar que ela crie estes mundos de ilusões, à parte, mas de nada nos tem valido o pressuposto de querermos o melhor para ela, enquanto isso a minha filha vai vivendo numa espécie de mundinho de faz de conta, onde tem o poder de mandar e controlar tudo, ignorando à partida que nem todas as coisas partem de acordo com as nossas expectativas. Talvez eu também esteja a dar demasiada importância a um assunto que, se calhar, nem merece ser tema de preocupação, ainda para mais quando estou a poucas horas de poder finalmente "jogar" a minha cartada final sob este assunto. O G. é da opinião que estou a dramatizar demasiado a coisa, eu confesso que também sempre fui de fazer tempestades de um copo de água (e desde que estou grávida ainda mais, será das hormonas?) e por isso fervo facilmente em pouca água, mas não sei, se calhar não passo de uma mãe tonta que se preocupa sempre demais para além da conta. O que vale é que daqui a umas horitas estas dúvidas acabam todas e, no meio de tudo isto, já só espero que venha um mano para a Boboleta, porque caso contrário, e da forma como ela está mais que convicta sobre o resultado do que eu, nem quero imaginar (sequer) a desilusão e acima de tudo o "choque" que seria para ela se não...enfim, vamos lá ver o que nos reserva este final de tarde.
Desculpem este desabafo pateta...Tenho quase a certeza que é isto da revolução hormonal que está a dar cabo de mim.
Agora sim, sintam-se à vontade para me chamar de tonta e outros sinónimos afins.

quarta-feira, maio 03, 2006

De volta à normalidade

Finalmente posso dizer que regressei à normalidade da minha vidinha fora de 4 paredes (já não era sem tempo!). Comecei a trabalhar ontem e não na 2ª-feira como tinha planeado e mencionado no post anterior (estes dias passados em casa contribuiram para que perdesse totalmente a noção real do tempo, a modos que ainda não tomei bem consciência a quantas ando e por isso nem me lembrei que esta 2ª era dia do trabalhador). Mas adiante, como já devem ter notado decidi publicar uma pequena amostra do meu "aquário" (gostei do termo carinhoso, Zita ;) às 23 semanas e 2 dias. De facto é uma pequena amostra em que dou a conhecer apenas um ângulo da barriguita, isto porque e passo a explicar, há uns tempos que tomei a decisão de não voltar a publicar fotos explícitas (nem da Boboleta nem da barriguita), inclusivé apaguei algumas fotos da C. que tinha publicado anteriormente, e decidi que só voltaria a publicar fotos quando alguma alma caridosa que entenda do assunto, se prestar a explicar-me (com alguma paciência, aviso já! ;) como utilizar a protecção de fotos do Blogger. Bloguices à parte, tenho a dizer que me sinto muito melhor agora, as enxaquecas já não são tão frequentes, as dores musculares no pescoço e ombros, desde que comecei a aplicar o spray calmante e que comecei com as massagens, que deixaram de ser o problema que eram. Foi remédio santo como cantarola a minha amiga Marta Plantier, e acabaram-se as cãibras! (para que conste esta parte não vem na música). Ontem falei com o médico, que disse para continuar a aplicar o spray todas as noites e para tentar dormir de barriga para cima porque ajuda a corrigir a postura das costas e evita possíveis desconfortos (o problema é que só consigo dormir deitada de lado e com o marido agarradinho a mim, de barriga para cima não dá muito resultado, já tentei mas o sono não vem e sinto-me uma estátua). Tirando isso, não referiu se devo continuar com as massagens. Aqui entre nós também não precisa, pois vou continuar a pedir ao G. para as fazer de qualquer maneira, ele também não precisa de autorização médica para continuar com este "part-time" não remunerado, até porque o rapazito tem-se revelado um "Às" na arte de massajar, sem contar que me tem sabido muito bem receber estes miminhos antes de deitar. Esta manhã fui à consulta com a médica de família e o quadro clínico é o seguinte, já recuperei os 2 kgs que tinha perdido no final do 2º mês, aliás já tomei a livre e (espontânea?) iniciativa de acrescentar mais 3 aos 2 kg recuperados (ou seja, o peso normal de 59 kg é agora de 62,5 kg, isto para o meu metro e 74 de altura). De resto está tudo dentro dos parâmetros normais, a tensão um pouco baixa (deixou-se ficar pelos 11 de máxima), a médica recomendou que beba 1 a 2 cafézitos de vez em quando para evitar possíveis quebras de tensão. Com os resultados das análises está tudo óptimo, os valores das transaminases já voltaram ao lugar (nas análises anteriores estavam ligeiramente elevados, mas felizmente a normalidade já está restabelecida). Vou continuar a tomar o suplemento de ferro e passar a incluir as ampolas de magnesona (que já tomei durante a gravidez da C. e que têm em mim um efeito colateral não desejado, porém inevitável, dão-me uma "pica" enorme. Se na realidade já não consigo estar parada muito tempo, com magnesona então pareço uma barata tonta, fico imparável (diz que sim ;) Com a chegada do calor aconselhou-me a abusar das frutas frescas, dos sumos e batidos naturais, das saladas, dos legumes e do peixe, o que para mim é óptimo pois sempre gostei muito mais de peixe do que de carne, os legumes também não são problema dado que adoro sopa e sou a 2ª maior devoradora de saladas (depois da Boboleta, claro). Por falar em Boboleta, ontem tirou finalmente a tala do dedinho, "yes!!!" (foi a reacção dela quando o enfermeiro lhe retirou o incómodo ferrinho do indicador). Não foi choro, nem lagrimita, foi mesmo um "yes!!!" de resto muito bem pronunciado para quem começou a ter aulas de Inglês no colégio há menos de 2 meses. Felizmente o dedito está bom, não ficou deformado que era o que mais temiamos, está perfeitinho apesar de ainda estar um pouco mole, o que é normal depois de ter estado "adormecido" durante 6 semanas!!! Entretanto já teve a 1ª consulta de fisioterapia para recuperar os movimentos e segundo me disse há instantes a avó T., não custou nada e até foi divertido. Os exercícios consitem em abrir e fechar o dedito como se estivesse a imitar um coelhinho (foi esta a forma divertida que a fisioterapeuta arranjou para conseguir que ela colaborasse). A modos que hoje à noite, de certeza que as paredes lá de casa vão ganhar vida e servir de "cenário" para reflectir algumas historietas sobre coelhinhos e fantoches afins.
Para finalizar (e sei que escrevo sempre para além da conta, que se dane!) mas não podia terminar o testamento sem sugerir uma óptima dica cultural. A exposição da fabulosa Frida Kahlo (ou não fosse ela a minha pintora de eleição), que está patente no CCB até 21 de Maio, de terça a domingo, das 10:00 às 19h. Quem gosta de boa arte (a exposição está fantástica e muito bem organizada) não deve deixar de dar um saltinho ao Centro de Exposições do CCB. Um conselho, não optem por ir aos fins de semana nem quando há jogo do Belenenses, muito menos entre as 15 e as 16h porque torna-se complicado conseguir ler as legendas das obras (mesmo quando se tem 1,74m de altura, e é por estas e outras razões que aconselho vivamente a comprar o catálogo da exposição logo na bilheteira), e isto claro se também quiserem evitar ter de estacionar o carro quase no Museu dos Coches e ter de enfrentar 15 minutos de fila para comprar pastéis de Belém. Tenho dito.
Ps: O que me valeu é que tinham acabado de sair do forno e estavam tão quentinhos...Já comia outro, pois comia.