Como referi no post aterior, a C. não reagiu bem à novidade, não aceita e não quer aceitar que vai ter uma mana. Apesar de eu e o pai lhe tentarmos explicar que a mana vai ser a sua melhor amiga, que vai poder brincar com ela, a C. finge que não ouve, não dá muita importância, não quer falar da mana e foge quase sempre do assunto. Depois da reacção que ela teve no sábado, quando lhe contámos, as coisas não têm corrido de feição nem para ela nem para mim. A minha filhota que passava a vida a dar-me beijinhos e a fazer-me festinhas na barriga até adormecer, não o voltou a fazer desde então. Está comigo normalmente, fala comigo, só adormece a meu lado, mas os gestos carinhosos de sempre, e digo sempre porque os teve sempre, já não os tem comigo. Sempre fomos muito ligadas tanto emocional como fisicamente, como tal nunca esperei este tipo de atitude de "rejeição" vindo da minha filha...Não tem sido fácil para mim, muito menos para ela. Em conversa com uma amiga psicóloga tomei consciência que esse afastamento dela não é necessariamente para com a minha presença, uma vez que não sou o objecto de rejeição em si, mas sim porque de certa forma trago em mim a realidade que ela rejeita. Aconselhou-nos a não tocar no assunto "mana" muitas vezes porque mais tarde ou mais cedo ela acabará por aceitar a realidade de uma forma natural, não forçada. Ainda recebi o livro da direita como "bónus" para lhe ir lendo à noite (a psicóloga faz questão que seja só eu a lê-lo e não divida a leitura com o pai), conta a história de um menino, o Tchim, que espera uma mana, a Pim, e no fundo retracta, ainda que de forma súbtil, o momento que a C. está a viver, além disso também aborda a temática "de onde vêm os bebés" que relembro, sempre foi um quebra-cabeças para a Boboleta. Já comecei a ler-lhe na terça e há passagens do livro que são, de facto, deliciosas. Ela fica muito quietinha a ouvir-me, até que o sono é mais forte, fecho o livro, tapo-a e dou-lhe um beijinho de boas noites. Depois volto para a minha cama com uma sensação de vazio enorme, que nunca senti antes, sinto falta do abraço da minha filha, da maratona de beijinhos antes de dormir, do sorriso dela quando põe a mão com cuidado sob a minha barriga, no fundo sinto falta de não poder partilhar com ela as minhas expectativas em relação à mana, o nome que ela gostava de lhe dar, sinto falta de tudo, ao pormenor. Muitas vezes (quase sempre), não tenho conseguido evitar e tenho chorado todas as noites, sinto falta do calor dos braços da minha filha, sinto-me fragilizada, desprotegida, desamparada. Além disso, esta semana tem sido um acumular de excesso de trabalho (trabalho que já vem das férias da Páscoa, dos dias que passei em casa de cama), sinto-me cansada fisica e psicologicamente, nos últimos dias ando enervada e impaciente com tudo, tenho andado a ultimar os preparativos para uma inauguração que me tem feito suar as estopinhas, irrito-me com facilidade, depois descarrego em quem não tem culpa nenhuma do meu "mau-humor", tenho momentos em que só me apetece fugir e voltar sem data marcada. Ao final da tarde chego a casa estourada e não tenho vontade de fazer nem jantar nem nada, sinto-me sem estímulos para coisa alguma e como estou numa fase "lingrinhas", choro e choro sem perceber bem porquê. Sei que sou privilegiada por ter um marido carinhoso que faz tudo por mim e para me ver feliz, que tenho uma filha que apesar de não o demonstrar agora, está cheia de vontade de correr em direccção à porta de casa e se atirar sob o meu colo como sempre o fez quando me vê entrar...Mas sinto-me triste e "culpada" por tê-la decepcionado e não lhe ter dado o mano que ela queria. Não sou uma pessoa de choro fácil, e quem me conhece sabe disso, mas bolas, não sou de ferro. À noite não tenho conseguido adormecer e, de repente, é como se entre a escuridão de quatro paredes todas as coisas viessem em cascata ao meu pensamento, os assuntos de trabalho, o problema com a C... O que me vale é que o G. tem sido uma espécie de colo reconfortante, e enquanto o sono não vem temos imaginado a filhota, como é que vai ser, se vai ter os meus olhos, se o nariz dele...de certa forma, têm sido estes momentos que têm funcionado como "escape" para todos os problemas. Uma noite destas ficámos até às tantas a dar palpites e a debater nomes, começámos por escolher 6, depois reduzimos para 4 e por agora mantemo-nos nos 4. Curiosamente, todos começam pela letra M., por isso com toda a certeza a filhota mais pequenina vai ser uma M. Estamos desejosos por saber a opinião da C. e esperamos poder contar com a ajuda dela nesta escolha. Este fim de semana vamos dedicá-lo só a ela, vamos para Porto Côvo, só os três, planeámos uma ida à praia, um piquenique no domingo, uma visita aos cavalos e aos póneis (que ela adora), muito subtilmente vamos lhe falando da mana aqui e acolá, com a intenção de lhe fazer crer que a chegada da mana vai trazer muitas coisas boas. E eu espero, sinceramente, conseguir reconquistar a minha filha.
PS: Peço desculpa se "massacrei" alguém com este meu desabafo, para problemas já bastam os nossos. Eu sei. Mas soube-me bem, poder aliviar a consciência, assim, desta forma.