O dia a dia de uma mamã e das suas Borboletas...

quinta-feira, novembro 30, 2006

Ando...

irritada, sem paciência, cansada, mal-humorada, indisposta (ontem passei o dia todo agoniada, hoje acordei com uma azia terrível que só me dá vontade de vomitar...), não ando bem, tenho andado ansiosa demais...Passo o dia inteiro praticamente sozinha a tratar delas, e não me interpretem mal pois adoro as minhas filhas e o que mais quero na vida é estar com elas, mas há momentos em que me apetecia tornar-me invisível e só voltar a "aparecer" umas horinhas mais tarde. Passo o dia ocupada com elas, e gosto tanto de poder fazê-lo, mas às vezes sinto falta de ocupar o resto do tempo de outra forma, sinto tantas saudades de ir para o Ateliêr, dos colegas, da adrenalina e do ritmo alucinante do trabalho...Ou então do que estou mesmo a precisar é de um tempo para relaxar, passear, ir ao cinema (ouviste, rapazito?), espairecer...Como me dizia outro dia esta querida mamã (de quem tenho saudades) isto de estar praticamente a semana toda com elas "em casa" não me está a fazer nada bem. E não está mesmo. Vamos lá ver se este fim-de-semana prolongado dá uma volta à coisa.

quarta-feira, novembro 29, 2006

A maior verdade:

"É quando já quase não temos esperança, que não devemos desesperar por nada!"*

*Frase que me foi dita por uma mãe que conheci no hospital enquanto a C. esteve internada, que se tornou uma grande amiga, e a quem a vida decidiu, impiedosamente, pregar ontem uma rasteira. Estou aqui para tudo o que precisares querida S. Porque sofremos juntas e juntas nos fizemos mais fortes. Não deixes que a falta de esperança te derrube agora. Por nada!

segunda-feira, novembro 27, 2006

1 semana e meia depois...

Já brinca, já pula, já canta a plenos pulmões, já corre pela casa toda, mas agora com as pantufas sempre calçadas porque isto de andar "descalça" acabou de vez! Já quer fazer as coisas sem a nossa ajuda, ajudar a tratar da mana...a propósito de querer ajudar a tratar da mana tenho um episódio divertidíssimo para contar sobre a 1ª muda de fralda da C. à mana, mas que deixo para outro post. As noites, que até antes do internamento eram um verdadeiro pesadelo, têm sido relativamente calmas, com pouca ou quase nenhuma tosse (graças à medicação), a febre foi embora de vez, dorme bem, toda tapadinha, uma vez ou outra lá se lembra de me chamar mas pelos motivos do costume, chichi, assoar, levar água, ou simplesmente para lhe dar mimos até voltar a adormecer. E aqui noto que está um pouco diferente. Enquanto esteve no hospital tinha-me sempre a mim ou ao pai, noite após noite ao lado dela, o que de alguma forma veio criar-lhe uma certa dependência em relação à nossa presença. Agora dorme sozinha no quarto mas mesmo antes de adormecer temos de nos certificar que ela caíu ferrada no sono, caso contrário acontece o mesmo que esta madrugada e ela aparece no nosso quarto a chorar, porque acordou, chamou por mim, estava escuro, e eu não estava ao lado dela. :S
A semana passada fomos à consulta de reavaliação no hospital. Revimos as novas amigas da minha filha, ou seja as enfermeiras toda e C&ia, que ficaram muito admiradas por vê-la toda despachada e tão diferente de quando a conheceram. Ela: está a recuperar bem do valente susto que nos pregou, a respiração está melhor (mesmo assim continuamos com os aerossóis), a médica (que é uma querida e a quem aproveito para agradecer publicamente tudo o que fez pela minha filha) recomendou que a iniciasse numa actividade que a faça exercitar o fôlego e a respiração (já estamos a tratar dos papéis para a natação). O peso, é que continua a ser um problema. Ainda está muito aquém do peso que tinha anteriormente (está com 16kg para 1,07cm) mas isto porque ela pura e simplesmente recusa-se a comer! E a C. que nunca foi uma criança difícil neste sentido. Comia sempre tudo ou quase tudo o que tinha no prato. Agora fica-se pela metade (se tanto!). Tornou-se um sacrifício conseguir que ela coma uma refeição "de jeito". As únicas coisas que vai comendo + ou - são as sopas e a Cérelac de manhã (e isto se lhe estiver a dar enquanto vê os desenhos animados) porque senão temos caldo, ou melhor, Cérelac entornado!:S De facto, esta foi a repercussão mais negativa deixada pela doença. Enfim, espero que melhore com o passar do tempo. A próxima consulta ficou marcada para dia 22. Só falta falar da minha paixão pequenina, que também aproveitou para ir à consulta na sexta-feira. E que está óptima. Uma "gande" com G maiúsculo. Ela sim, não seguirá o exemplo da mana porque é uma verdadeira comilona! Adaptou-se bem ao novo leite recomendado pela pediatra e agora não quer outra coisa. Também descobriu que sorrir é divertido, quer seja de dia, de tarde, a dormir, acordada...mas é durante a noite que prefere manifestar-se. E nós não queremos dormir nem nada, nem o pai lhe diz que não é para rir mas para dormir, e nem por isso ela se ri menos...Ri-se mais. Concluindo, têm sido umas noites-maravilha. Isto se tirarmos também o facto de ela já dar quase uma volta completa no berço e deixar cair a chucha umas poucas centenas de vezes. O que não é grave se lhe a dermos logo em seguida, porque se tal não acontecer, aí sim poderá tornar-se um caso realmente problemático. E pronto, acho que está tudo. Tem sido complicado estar sozinha em casa com as duas, ainda por cima tendo que ter cuidados redobrados. Não tem havido muito tempo para dedicar às bloguices, quando uma não chora, a outra chama por mim, quando dou o biberão a uma a outra teima que lhe dê a comida à boca, quando uma desata aos prantos, a outra por solidariedade resolve fazer uma birra de todo o tamanho. "Santa paciência" é a expressão que mais tenho utilizado ultimamente. Agora estão a dormir as duas e espero que me deixem descansar um bocadinho durante a próxima meia hora. Que isto de ser mãe de duas é óptimo, é facto, mas nem sempre é pêra doce.

segunda-feira, novembro 20, 2006

O post que estava ansiosa por poder escrever

Já estamos em casa!!! Já estamos em casa!!!! Já estamos em casa!!!!!

Desde 4ª-feira passada que já está em casa. :) Ainda nos requer vários cuidados, é certo, mas o mais importante é que já a temos finalmente connosco! E que já podemos estar os 4 de novo, juntinhos! Tenho aproveitado estes dias para canalizar todas as minhas energias em direcção a elas, a ele. Tem sido tão bom...Estou feliz! Finalmente voltámos a ser uma família.
Ps: Um obrigada especial a todos os que, desde o início, nos apoiaram em tudo. Família, amigos...A todos vocês aí desse lado...Um obrigada sincero.

terça-feira, novembro 07, 2006

Porquê?

Dou por mim tantas vezes a fazer-me esta pergunta, e por mais que tente, não consigo encontrar resposta. Chego a pensar que às vezes, até pode parecer um gesto altruísta da minha parte questionar-me sobre isso. Porque há tantas pessoas em situações tão graves, ou piores ainda, que procuram o resto de uma vida por uma resposta, e essas sim, mereciam obtê-la. Porque por mais que tente buscar todas as razões possíveis e imaginárias, sinto que apesar de não parecer o tempo passa depressa demais e talvez tenha receio de me confrontar com uma resposta insuficiente. Porque apesar de tudo o que temos vindo a passar no último mês e meio, sei que ela tem melhorado a olhos vistos e que vai ficar boa. É nisso que tenho de me concentrar. Durante os ultimos 46 dias passados no hospital tenho privado com outras mães, outras crianças, tantas em situações tão graves ou piores que a da minha filha. Uma das coisas mais importantes que tenho absorvido desses encontros resume-se ao momento. A viver o momento. Levei um estalo de realidade e percebi como subitamente, a vida pode ser tão frágil, sem que nos apercebamos disso. Aprendi por exemplo, que tentar procurar o "porquê", a tal razão de as coisas nos acontecerem, não vai fazer de mim uma pessoa altruísta. Tenho direito a questionar-me. Todas temos, não é S.? Mas a maior aprendizagem, das muitas que fiz até agora, tem a ver com os sentimentos. Demonstrá-los, sem medos. Nunca fui uma pessoa de choro fácil. Sempre tive um certo constrangimento em derramar as mágoas frente a alguém, mesmo que conhecido. Sempre chorei em privado. No momento em que me desfiz em receios frente a toda uma ala pediátrica, senti que me fez bem ao espírito, como uma espécie de limpeza à alma. Apartir desse momento senti um peso enorme sair-me de cima, como se me esvaziasse de incertezas e quaisquer ressentimentos. Tropecei, caí, e tive tantas mãos amigas a ajudarem-me a levantar. Um apoio imenso, como nunca esperei ter. Cresci. Amadureci, de facto. Ela também. Está mais crescida interiormente, talvez um pouquinho crescida demais para apenas os 4 anos que sustenta. Todas as noites, vai despedir-se dos outros meninos aos seus quartos e diz-lhes que todos vão ficar bons. Que ela já está quase boa. Que já pode andar pelos corredores porque este soro agora tem rodinhas. Voltamos para o nosso quarto, de mãos dadas. Damos boa noite às senhoras da branca de neve, como ela chama às enfermeiras. Ficamos no 2º quarto, à esquerda. O que tem uma mantinha rosa na cama e uma boneca de pano à cabeceira, que o pai lhe trouxe de presente logo nos primeiros dias. Chamou-lhe Clarinha. Não a largou desde então. A enfermeira chega e pergunta se está tudo bem. Fecha os estores. Conto-lhe uma história. Diz-me que tem saudades da mana. Imensas. Da cama dela até ao quarto do J. E o quarto do J é o último ao fundo do corredor. Ela também tem tantas saudades tuas, mimo-a. Não a levo lá por motivos óbvios. O sono vence o cansaço e adormecemos as duas. O livro aberto. A enfermeira acorda-me para dizer que o G já vem a subir. Têm sido excepcionais connosco. Com ela. Médicos, enfermeiras, todos. Sinto que ganhei mais uma família. Despeço-me dela, o G. olha-me nos olhos e diz-me que preciso mesmo de descansar. Um abraço tão bom...Vou para casa. Na ala pediatrica reina um silêncio absoluto. De vez em quando, vêem-se uma ou duas enfermeiras passar. Entro no elevador. A minha bebé está em casa, à minha espera. No caminho aproveito o sinal vermelho para acender um cigarro e organizar as ideias. Sim, voltei a fumar, após quase 6 anos de total abstinência. Um facto do qual não me orgulho, em nada. Chego, finalmente. Nem sei como não adormeci ao volante. A avó vai embora e ficamos só as duas. Deixo-a deitada no ovo enquanto tomo duche. Esboça um sorriso rasgado(lindo), em direcção a mim. Como se tentasse compensar-me pelo que tenho perdido. Já no quarto, apago a luz. Deito-a a meu lado na cama e não consigo evitar. Sei que tinha prometido não voltar a chorar. E nem sei bem porque choro, ao certo. A M. cheira bem, está espevitada, desperta. Dá-me uma bofetada com uma das mãos na cara. Não quero que chores, parece querer dizer. Com a outra ameaça puxar-me os cabelos. Deixo. Abre a boca no meu nariz. Estou exausta, digo-lhe que não tenho mais pedalada. Encosto-a ao meu peito e ela começa a chuchar a minha pele. Ainda não se esqueceu. O pouco leite que ainda restava secou. Dei-lhe o peito na mesma, para ver se a acalmava. Adormeceu, há cerca de meia hora. Prometi-lhe que se fosse possível, amanhã iamos ver a mana. Mesmo que seja lá em baixo, da rua, só através da janela. Vai ser uma surpresa.

quarta-feira, novembro 01, 2006

E a minha filha...

hoje comeu uma tigela inteirinha de creme de cenoura, ao jantar. Fiquei tão contente. Mas tão contente! É a primeira refeição "de jeito" que ela come desde que está internada.

[Acho que vou começar a sintonizar a televisão da salinha de convívio no Noddy mais vezes. Apenas por precaução]